Alberto Arcela

Publicitário e jornalista

Sociedade

O amor


30/09/2023

Chico Veiga e Luisa Sonza, e Lucas Lima e Sandy, se separaram na última semana (Foto: Reprodução/Instagram)

De repente, as pessoas, anônimas e famosas, se sentiram sozinhas e também livres. Tudo começou com o anúncio da separação de Sandy e Lucas Lima, mas já havia um precedente com Luísa Sonza – e sua canção Chico -, e até mesmo do outro lado do mundo com a colombiana Shakira.

A partir daí, homens e mulheres de todos os lugares, passaram a questionar o amor e a procurar entender porque as pessoas se separam e mais ainda porque muitas delas continuam traindo, apesar de toda e evolução da humanidade.
No mundo das artes, o tema é recorrente e está presente em obras primas da literatura e da música, da ópera ao popular. De um certo modo, é o combustível de um sem número de canções e romances.

No Brasil, na linha de frente dessa temática pontificam nomes como Lupicínio Rodrigues – sempre ele – e Chico Buarque, que vão fundo nesse sentimento de abandono e que chegam a mergulhar no desespero como na inquietante Atrás da Porta, uma parceria de Chico com Francis Hime.

Na voz de Elis Regina, que se entrega de corpo e alma nessa canção, essa fragilidade se torna ainda mais latente e remete a solidão definitiva que tem a ver com a falta de esperança e a cadeira vazia de Lupicínio onde ninguém nunca mais sentou.

Uma coisa é certa. O amor, como um produto qualquer, tem prazo de validade e isso, de certo modo empresta novas e maiores emoções à vida.

Sair dessa zona de conforto muitas vezes é necessário e, no caso de Sandy, escancara a hipocrisia de quem elege cases de sucesso fora das reais dimensões da arte.

Isso me faz lembrar dos rótulos que se atribuíam no passado a figuras públicas da rádio e da televisão, que,no mais das vezes, não correspondiam ao que se esperava delas.

O mais importante, portanto, é aceitar o fato e estabelecer limites. Tanto o amor acaba, como faz suas escolhas.
Foi assim com Capitu, do universo de Machado e com as mulheres de Nelson Rodrigues. E daqui pra frente, será sempre assim, porque esse amor furtivo é o que faz a vida valer a pena.

Nunca mais ser a esposa e cada vez mais ser a mulher.

Por isso, só consigo imaginar Shakira lambuzada de chocolate no clipe de La Tortura, contracenando com Alejandro Sanz.

E Sandy cantando com Andrea Bocelli e Chris Martin, do Coldplay, linda e fazendo valer o talento e a voz que ela tem.

E quanto à Sonza, o amor provou que pode ser efêmero e que não é o senhor da razão. Gosto da música e acredito que ela seja infinitamente maior que o próprio amor que lhe inspirou.

Lembra até a bossa nova e também por isso merece respeito, na medida em que despertou nas pessoas a curiosidade de saber mais sobre o movimento que projetou nomes como Tom Jobim, João Gilberto, Marcos Valle e Carlos Lyra.

Pra finalizar, reservei alguns versos de clássicos da nossa música popular que falam de amor e saudade.

Os primeiros são do poetinha Vinicius e mandam um recado.

“Vai minha tristeza, e diz a ela, que sem ela não pode ser.”

Os outros, são de Paulinho da Viola, e falam de resignação.

“Tudo de bom pra você, eu desejo porque, sei perder e ganhar.”

Esse é o jogo da vida.


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